Filha de Bolsonaro, mensagens que circulam em grupos bolsonaristas estão tentando fazer crer que os protestos contra Jair Bolsonaro, que ocorrem em todo o país, reúnem ativistas e partidários políticos para eleger Lula. Apontam como “prova” o uso de bandeiras e camisas vermelhas. Argumentos pró-Terra plana são mais elaborados que isso.
Para além de estudantes, professores, movimentos sociais, organizações da sociedade civil; sindicatos, partidos políticos e uma massa de cidadãos comuns cansados da sabotagem do governo federal contra a vacina e a favor do corona vírus. As manifestações também trouxeram novamente brasileiros que não estão conseguindo sobreviver com a mixaria paga pelo governo como auxílio emergencial.
Ou seja, a fome, que não tem cor, também estava lá representada. A incapacidade de enxergá-la só reforça que ela parece invisível aos planos do presidente e de seu rebanho. Em conversa com mulheres que chefiam famílias em ocupações nas zonas Leste e sul após os dois atos na avenida Paulista.
Embora alguns tenham finalmente conseguido obter o benefício após um longo processo, eles continuam a apontar para o óbvio: que o valor pago não é suficiente para alimentar seus filhos, dependendo de doações. O auxílio emergencial está sendo pago em parcelas de R$ 150, R$ 250 e R$ 375. O piso compra menos de 25% da cesta básica em Florianópolis, São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, segundo o Dieese.
Na primeira onda da pandemia, o governo propôs um auxílio de apenas R$ 200, mas o Congresso Nacional forçou o aumento do valor, que passou a ser de R$ 600/ R$ 1200 por domicílio. No segundo semestre, o benefício foi reduzido para R$ 300/ R$ 600 por família.
Presidente segue recordista em Arremesso de Responsabilidade à Distância.
Bolsonaro culpa prefeitos e governadores pela fome, afirmando que ela é fruto das medidas de isolamento social. Terceirizando responsabilidades que são suas, como sempre faz, joga uma cortina de fumaça sobre as reais causas da falta de alimentos nas casas dos brasileiros pobres.
O Brasil é um dos recordistas em tempo de quarentena.
Porque enquanto os governadores e prefeitos tentavam conter o aumento do contágio interrompendo as atividades econômicas, O Presidente da República Agia para boicotar as medidas. Se tivesse ajudado, ao invés de atrapalhar, os fechamentos seriam bem mais curtos, como em outros países, e teriam afetado menos o emprego e a economia.
Mas Bolsonaro acreditou nas palavras de seu Gabinete das Sombras, de que a pandemia iria durar pouco e a saída era forçar a contaminação em busca de uma imunidade coletiva.
Uma mentira que ignora as mutações do vírus. Se tivéssemos comprado vacinas no ano passado e aceitado as dezenas de milhões de doses da Pfizer e do Instituto Butantan, estaríamos tão adiantados que agora estaríamos discutindo a reabertura geral.
Com isso, chegamos a 500 mil mortos e 14,8 milhões de desempregados. Sem falar de 19,1 milhões de famintos em um universo de 116,8 milhões que não tiveram acesso pleno e permanente à comida. A pesquisa da Rede Brasileira de pesquisa sobre soberania alimentar e segurança alimentar, que pesquisou esses números, foi realizada em dezembro do ano passado, quando o auxílio emergencial estava sendo pago em parcelas de R$ 300 ou R$ 600.
Há seis meses, a fome chegava a 9% da população.
Isso é a maior taxa desde 2004. A situação hoje está bem pior, ainda mais porque Bolsonaro suspendeu por 96 dias o pagamento do benefício no começo de 2021.
Tudo o que o presidente faz na pandemia é pensado em outubro do próximo ano. Foi assim, por exemplo, na briga com o governador João Doria, que atrasou a aquisição da CoronaVac. Ainda hoje, aliás, ele sabota esse imunizante por questões eleitorais – na semana que passou, disse que ele não tem eficácia nem comprovação científica.
Não se importa se suas mentiras matarem, contanto que se reeleja. A mesma lógica é adotada ao discutir um aumento no Bolsa Família, que deve ir de R$ 190, em média, para algo em torno de R$ 280. O efeito disso é para 2022, ano de eleições. Mas as pessoas estão passando fome atualmente, vivendo da caridade de outras pessoas.
O governo usa como escudo o teto de gastos, mas o Congresso Nacional estava pronto para costurar uma saída que permitisse um auxílio digno. Jair é que não quis. Preferiu distribuir trator para a base aliada que impede que seu impeachment seja apreciado.
Agora, redes bolsonaristas tentam apagar o fato de famílias pobres terem engrossado o caldo dos protestos, pois isso atrapalha do argumento presidencial. Após serem tratados como invisíveis na política pública, também são invisibilizados até na hora de reclamar.
Fonte, portal UOL https://noticias.uol.com.br/
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